Michael Porter 1999
por: Marcos Simão
Competitividade das localidades
O esforço criativo humano é o produto que impulsiona a prosperidade de uma localidade, diferentemente da insistência dos economistas clássicos, ela não advêm dos dotes naturais de uma pais, de sua força de trabalho, de sua taxa de juros ou do valor de sua moeda. A importância de uma localidade aumenta na medida que seus esforços são direcionados para a criação e assimilação do conhecimento, gerado e sustentado em um processo estritamente localizado, em outras palavras, "são as diferenças nos valores locais, a cultura, as estruturas econômicas, as instituições e a história que contribuem para o êxito competitivo local." (Porter, 1999)
Estas diferenças locais, que proporcionam a sua competitividade não pode ser compreendida pelo conjunto de sua economia, pois não há localidade competitiva em todos os setores. As vantagens competitivas, em geral, se concentram em segmentos setoriais específicos, onde a geração da vantagem é baseada na qualidade, nas características e na inovação dos produtos e serviços. Mais ainda, partem da premissa de que a competição é dinâmica e evolutiva.
Outro aspecto que determina a competitividade local reside no próprio mercado local e no nível de exigência desta demanda doméstica que pressiona por elevados padrões de produtos e serviços e instiga a melhoria e a inovação a se expandirem para segmentos mais elevados. As necessidades muito rigorosas resultam dos valores e circunstâncias locais e podem moldar as tendências do mercado global, em outras palavras, as necessidades locais podem antecipar ou mesmo moldar, representando constantes "indicadores preliminares" das necessidades de outras localidades.
Um terceiro determinante na vantagem competitiva local é a presença de setores correlatos e de apoio também competitivos, que vão muito além do simples acesso aos componentes e máquinas, residem principalmente no apoio em termos de inovação e melhoria, sobretudo em estreitos relacionamentos de trabalho. Aproveitando-se das linhas de comunicação mais curtas, do rápido e constante fluxo de informação e do constante intercâmbio de idéias e inovação, estes setores têm a oportunidade de influenciar o esforço técnico entre si e são capazes de servir como campo de testes para os trabalhadores de P&D, acelerando o ritmo da inovação.
Desta forma a inovação e a tecnologia pode ser vista como a força motriz do desenvolvimento pela vantagem competitiva local, realinhando os seus modos de gestão rumo à uma melhora da qualidade de vida dos cidadãos. A presença do Estado que constituiu a base de um desenvolvimento, que já foi novo, e, tornou-se obsoleto, principalmente em uma sociedade baseada no conhecimento, na alta produtividade e na tecnologia de ponta, requer uma responsabilidade social inequívoca de todos os atores sociais.
Resta-nos ainda alguns questionamentos inevitáveis:
Quais são os atores e fatores que levam ao desenvolvimento, ao mesmo tempo que conserva nossos valores culturais e tradições mais marcante? Qual é a nossa responsabilidade histórica com as novas gerações? A resposta que parece obvia requer muito trabalho e estudo. Legar-lhes a certeza de que não somos fadados ao fracasso, mas destinados do sucesso de cada um e de todos.
Para ser sustentado e sustentável, um projeto que vislumbre a conservação e o desenvolvimento terá de buscar otimização conjunta nos campos setoriais e regionais, fluindo no tempo. Como foi argumentado acima, em uma economia com crescente globalização, paradoxalmente, muitas das vantagens competitivas residem crescentemente, em aspectos locais – conhecimento, relacionamentos e motivações que os concorrentes, a distância, não podem alcançar.
Um novo paradigma traça as novas perspectivas de se alcançar um nível superior de desenvolvimento, que na era da informação e do conhecimento se caracteriza, entre outros, por fatores que envolvem uma constante e rápida revolução tecnológica, disputa por talentos, maior rivalidade entre empresas e uma nova forma de atuação dos governos, ao mesmo tempo pela conservação do Patrimônio Histórico e Cultural locais. Esse novo paradigma inclui ainda fatores de origem microeconômico[1]. Esses fatores enfatizam o conceito de vantagem competitiva, os quais avançam para além das fronteiras do empreendimento, surgindo o conceito de "aglomerados" ou "clusters".
A cooperação entre entidades ou empreendimentos que formam uma mesma cadeia de valor e gravitam em torno dela pode gerar uma dinâmica com muitos vencedores. Universidades capacitadas e alinhadas com as necessidades da comunidade econômica local educam melhor as pessoas que irão trabalhar nos centros de pesquisa e desenvolvimento das empresas, levando inovações aos produtos e fazendo aumentar sua competitividade. Esses ciclos ocorrem nos mais diversos pontos ao longo das cadeias de valor das mais variadas atividades.
Três são os fatores para a manutenção das vantagens competitivas.
· primeira, é da fonte específica da vantagem que pode ser de natureza inferior (mão-de-obra, matérias primas, etc.) ou de natureza superior (mais duráveis – tecnologias de processo e diferenciação baseada em produtos ou serviços)
· segunda, e da fonte distinta da vantagem, ou seja se o empreendimento depende apenas de uma ou de numerosas vantagens, o que reforça a posição do mercado e da competição.
· terceira, manutenção da vantagem, aprimoramento constante de todos os processos produtivos.
O que se observa é que a presença de empreendimentos na mesma cadeia de valor cria potencial para gerar e aumentar a competitividade e o valor das atividades ali desenvolvidas, contribuindo de forma decisiva para o aumento da competitividade local e para a consolidação do processo de criação de valor para um grupo de empreendimentos.
Enfim, o que é Aglomerado ou Cluster
Pode ser definido como um conjunto de empresas ou empreendimentos que interagem, gerando e capturando sinergias com potencial de atingir crescimento contínuo superior ao de um simples aglomerado econômico. Nele os empreendimentos estão geograficamente próximos e pertencem a uma cadeia de valor de uma atividade. Neles são considerados os aspectos setoriais e regionais, apoiados nas vantagens competitivas e no conceito amplo de competitividade, respectivamente. Neste caso a noção de Aglomerado tem sido utilizada para avaliação da competitividade de uma dada região e a identificação de áreas em que a ação governamental pode melhorar o ambiente regional para os negócios.
O conceito de Aglomerado, entendido por Porter, representa uma nova maneira de pensar as economias nacionais, estaduais e urbanas e aponta para os novos papéis das empresas, dos governos e de outras instituições que se esforçam para aumentar a competitividade (Porte, M , 1999).
Os objetivos de um Aglomerado são principalmente aprimorar e ampliar as relações comerciais de uma cadeia de valor, localizada em uma mesma área geográfica, promovendo as interações de marcado e a transferência de tecnologias e informações, assim como envolvimento em P&D de soluções abrangentes para determinado ramo de atividade e o incremento da capacidade de seus membros de encontrar soluções inovadores para seus problemas.
Antecedentes Históricos e Intelectuais da Teoria dos Aglomerados
Há muito tempo os aglomerados são parte da paisagem econômica, datando de séculos as concentrações geográficas de atividades e empresas em determinados setores. Mas o papel desses aglomerados era mais limitado. No entanto, sua produtividade e amplitude aumentou com a evolução da competição e a maior complexidade das economias modernas. A globalização, junto com a crescente intensidade do conhecimento, exerceu um enorme impacto sobre o papel dos aglomerados na competição.
Os antecedentes intelectuais dos aglomerados remontam, pelo menos a Alfred Marshall, que inclui um capítulo fascinante sobre as externalidades das localizações industriais especializadas em Principles of Economics (publicado em 1890). Ao longo dos primeiros cinqüenta anos deste século, a geografia econômica era um campo consagrado, com ampla literatura. Mais recentemente, os retornos crescentes começaram a desempenhar um papel central nas novas teorias do crescimento e do comércio internacional, aumentando o interesse pela geografia econômica.[2]
Também na literatura gerencial, o foco na geografia ou nas localizações tem sido mínimo. Nas raras abordagens, a consideração da geografia em geral se reduz a disparidades culturais e de outras natureza a serem levadas em conta nos negócios envolvendo vários países. A localização corporativa tem sido tratada como uma sub-especialidade estreita da gestão operacional. Ademais, a recente preocupação com a globalização criou a tendência de encarar a localização como algo de importância secundária e decrescente.
Vários trabalhos publicados, sob certos aspectos, reconheceram e lançaram alguma luz sobre o fenômeno dos aglomerados; inclusive os que versam sobre pólos de crescimento e elos para a frente e para trás [3], economias das aglomerações[4], geografia econômica[5], economia urbana e regional[6], sistemas de inovação nacional[7], ciência regional[8], distritos industriais[9], e redes sociais[10].
A literatura sobre economia urbana e ciência regional focaliza as economias das aglomerações urbanas generalizadas em termos de infra-estrutura, tecnologia das comunicações, acesso aos insumos, base industrial diversificada e disponibilidade de mercados em áreas urbanas concentradas. Esses tipos de economias, que são independentes das modalidades de empresas e aglomerados existentes, parecem revestir-se de maior importância nos países em desenvolvimento. No entanto, no todo, as economias das aglomerações urbanas generalizadas talvez estejam diminuindo de importância, à medida que a abertura comercial e a queda nos custos dos transportes e das comunicações possibilitam acesso mais fácil aos insumos e aos mercados e na proporção em que mais localidades e países desenvolvem infra-estrutura comparáveis[11].
Outros estudos tratam das concepções geográficas de empresas atuantes em determinados campos, que poderiam ser vistas como casos especiais de aglomerados. Os distritos industriais de estilo italiano, reunindo empresas de peque e médio porte e dominando a economia local, são predominantes em certos tipos de setores. Em outras áreas, a regra é a mistura de grandes empresas nacionais, grandes empresas estrangeiras e um conjunto de pequenas empresas.
Alguns aglomerados giram em torno de pesquisas universitárias, ao passo que outros mal se aproveitam dos recursos das instituições tecnológicas formais. Os aglomerados se constituem tanto nos setores tradicionais como nos de alta tecnologia, nos de fabricação e nos de serviços. Na realidade, eles geralmente aglutinam alta tecnologia, baixa tecnologia, fabricação e serviços. Algumas regiões abrigam um único aglomerado dominante, enquanto outras contêm vários. Os aglomerados vicejam nos países em desenvolvimento e nas economias avançadas, embora a falta de profundidade dos aglomerados nas economias emergentes seja um típico obstáculo ao desenvolvimento.
Estudos anteriores contribuíram para a nossa compreensão a respeito das influências dos aglomerados na competição. A literatura sobre as economias da aglomeração salienta a minimização dos custos dos insumos, sua especialização, viabilizada pela amplitude do mercado local, e as vantagens da localização perto dos mercados. A literatura sobre o desenvolvimento econômico focaliza a indução da demanda e da oferta, certamente um elemento da formação dos aglomerados. A implicação normativa do conceito de elos para a frente e para trás, contudo, enfatiza a necessidade de desenvolver setores que mantenham vínculo com muitos outros. A teoria dos aglomerados, ao contrário, defende o aproveitamento das concentrações emergentes de empresas, como ponto de partida, e o estímulo ao desenvolvimento dos campos com os elos mais fortes entre os aglomerados ou com os maiores "extravasamentos" dentro de cada um deles.
Em geral, a maioria das teorias do passado tratam de aspectos específicos dos aglomerados ou se restringem a certos tipos de aglomerados. Muitos argumentos a respeito das aglomerações tradicionais que justifiquem a existência dos aglomerados foram ceifados pela globalização das fontes de abastecimento e dos mercados compradores. No entanto, a economia moderna, baseada no conhecimento, confere uma função muito mais substanciosa aos aglomerados.
Só agora seu papel mais amplo na competição passa a ser objeto de amplo reconhecimento. A compreensão desse papel exige a inserção dos aglomerados numa teoria mais ampla e dinâmica da competição, que abranja tanto o custo como a diferenciação, tanto a eficiência estática como a melhoria contínua e a inovação, e que reconheça um mundo de mercados globais de fatores e de produtos. Algumas das mais importantes economias das aglomerações representam eficiências dinâmicas e não estáticas e giram em torno da inovação e da velocidade do aprendizado. Os aglomerados exercem um papel mais complexo e integral na economia moderna do que se admitia anteriormente.
Assim, os aglomerados se constituem uma importante forma multi-organizacional, uma influência central sobre a competição e uma característica preeminente das economias de mercado. Sua situação em determinada economia proporciona importantes insigths sobre o seu potencial e sobre as limitações de crescimento futuro. O papel dos aglomerados na competição levanta importantes questões para as empresas, governos e outras instituições.
Outros conceito de Aglomerados.
“Concentrações geográficas de organizações e instituições de um certo setor, abrangendo uma rede de atividades inter-relacionadas e outras entidades importantes para a competitividade.(...) Muitos Aglomerados incluem instituições governamentais e outras como universidades, institutos de normas técnicas, celeiros de idéias, empresas de treinamento e as associações comerciais que provêm treinamento, educação, informação, pesquisa e suporte técnico especializado.”(Porter, 1998)
“(...) A essência do desenvolvimento de Aglomerados é a criação de capacidades produtivas especializadas dentro de regiões para a promoção de seu desenvolvimento econômico, ambiental e social. (Haddad, 1999)
“É um Grupo econômico constituído por empresas instaladas em uma determinada região, líderes em seus ramos, apoiado por outras que fornecem produtos e serviços, ambas sustentadas por organizações que oferecem profissionais qualificados, tecnologias de ponta, recursos financeiros, ambiente propício para os negócios e infra-estrutura física. (...) assegura certas formas de ações em comum e incrementa a freqüência e o impacto das interações (Vilela, 1999)
Um Aglomerado como “novo paradigma de desenvolvimento” justifica novas formas de intervenção. Os conceitos de vantagens competitivas dinâmicas e Aglomerados são novas formas de aproximar as sinergias, as externalidades e fracassos de mercado para construir novas formas de intervenção. Assim, Qual a importância dos ambiente em que se encontram? Como melhorar o ambiente para fortalecer a competitividade das empresas?
Na teoria das vantagens competitivas das empresas, o objeto de cada empresa é criar valor. A empresa é uma sucessão de atividades que geram valor. Cada atividade e os vínculos entre elas resultam na força competitiva do conjunto.
Mas o que determina a capacidade de inovar das empresas? Parte por elas mesmas, mas parte resultante de sua interação com outras empresas, como competidores, usuários, institutos tecnológicos, etc. refletida pelas diferenças nos valores locais, a cultura, as estruturas econômicas, as instituições e a história. Pode-se perceber que muitas empresas de liderança mundial provêm de um mesmo país ou cidade. Esta observação conduz a hipótese de que deve haver algo nessas concentrações, no interior de cada empresa, ou pelo menos em seu entorno que estimula a inovação e suporta o êxito competitivo do conjunto. Esse “algo” pode ser definido como os enlaces de um sistema de valor. A cadeia de valor de um empreendimento faz parte de uma corrente maior de atividades, de um sistema de valor. Assim, a competitividade das empresas depende de sua capacidade de inovar, o que, por sua vez, depende das relações com seu entorno.
O desempenho econômico favorável não se dá de forma isolada em indivíduos e empresas. A informação e conhecimento codificado pode ser divulgado ao redor do mundo, mas o conhecimento tácito (saber como) não o é. Elementos cruciais do conhecimento seguem sendo específicos e tácitos, inseridos em organizações, pessoas e localidades.
Resumindo, inovação existe em função da proximidade, na medida em que ela aumenta a pressão (de competidores e de consumidores) e melhora a capacidade de resposta. Esta última tem componentes estáticos (melhora a gestão dos enlaces em um sistema de valor) e dinâmicos (estimula o conhecimento tácito, via aprendizagem por interação).
Assim, a capacidade de inovação e a proximidade geográfica são variáveis endógenas, faltando uma teoria social para ativar o desenvolvimento. O conceito de eficiência coletiva analisa a ação coletiva para resolver problemas comuns ou para impulsionar maior eficiência do conjunto. O enfoque de eficiência coletiva permite entender os esforços intencionais como algo benéfico para o desenvolvimento, o que, contrasta como a economia neoclássica de interpretar a cooperação entre empresas como algo que impede o funcionamento das forças de mercado e, portanto, é nocivo para o desenvolvimento.
A figura acima mostra como os insumos de fatores abrangem os ativos tangíveis (como infra-estrutura física), a informação, o sistema legal e os institutos universitários de pesquisa a que recorrem as empresas na atuação competitiva, estabelece um modelo dos efeitos da localização na competição com base em quatro influências inter-relacionadas.
Competitividade dos Centros das Cidades
As agruras dos centros das cidades, geralmente a parte mais antiga e decadente de uma cidade - caracterizada sobretudo por comunidades de baixa renda, com alta densidade demográfica, composta principalmente por grupos minoritários - constitui uma das questões mais desafiadoras nas cidade. A falta de empreendimentos e de empregos nas áreas urbanas desfavorecidas alimenta, não somente um ciclo de pobreza, mas igualmente problemas sociais como drogas e criminalidade ao mesmo tempo que contribui para a deterioração do patrimônio ali existente. O debate sobre as possíveis formas de interferência nestes espaços torna-se cada vez mais acirrado, no entanto os esforços das últimas décadas para revitalizar os centros das cidades redundaram em fracasso, não obstante aos investimento de recursos serem substanciais.
Uma base econômica sustentável estabelecida pela oportunidade de emprego, e pela criação de riqueza, cujo modelo não trate os centros como ilhas isoladas da economia circundante e sujeita a leis exclusivas de competição e comprometa a criação de empreendimentos economicamente viáveis. É imperativo reconhecer que a revitalização deste sítios exige abordagens radicalmente diferentes. A pergunta que se segue é inevitável. Como criar condições para a proliferação e crescimento dos empreendimentos nos centros das cidades e das oportunidades de empregos nas adjacências para os residentes locais. Segundo Porter, é possível criar uma base econômica sustentável nos centros das cidades, através de iniciativas e de investimentos privados, com base no auto-interesse econômico e na genuína vantagens competitiva e não pelos incentivos artificiais, da caridade ou de injunções governamentais.
Assim, a atividade econômica nos centros das cidades e adjacências lançará raízes se desfrutar de uma vantagem competitiva e ocupar um nicho de difícil reprodução em outros lugares. A vantagem competitiva de uma localidade geralmente não emerge em empresas isoladas, mas em aglomerados - em outras palavras, em empresas que atuam no mesmo setor ou que, do contrário, se interligam através de clientes, fornecedores de relacionamentos semelhantes.
Se as localidades e os eventos históricos dão origem ao aglomerados, são este que impulsionam o desenvolvimento, criam novas capacidades, novos empreendimentos e novos setores. Para reconhecer a relevância desta teoria em áreas menores como os centros antigos das cidades é preciso primeiro identificar suas vantagens competitivas e a maneira como seus empreendimentos são capazes de forjar conexões com as economias circundantes urbanas e regionais.
As Verdadeiras Vantagens dos Centros das Cidades
Primeiramente faz-se necessário romper com a percepção imprópria de os centros das cidades desfrutam de duas vantagens principais: os imóveis e a mão-de-obra de baixo custo, pois em contrário, tendem a ser mais elevados que nos subúrbios ou zonas rurais. Em contrário, somente atributos exclusivos destes sítios sustentam empreendimentos viáveis. Para a identificação desses atributos é necessário as principais vantagens dos centros das cidades, tais como, Localização Estratégica, Demanda do Mercado Local, Integração com os Aglomerados Regionais e Recursos Humanos. Obviamente outros atributos poderão ser identificados, particularmente quando estas áreas centrais também são áreas de interesse histórico e cultural como é o caso do Bairro do Recife e adjacências.
As Desvantagens Reais dos Centros das Cidades
Os obstáculos a serem enfrentados são maiores que os situados em outras localidades. Muitos destes obstáculos são infringidos desnecessariamente pelo governo. Embora haja, além de terrenos, uma quantidade significativa de edificações nestes sítios, boa parte deles não é utilizável do ponto de vista econômico ou empresarial sem um considerável investimento de recuperação, conservação e adaptação de usos. Não muito distante, aparecem os custos de construção e/ou recuperação, significativamente maiores que nos subúrbios. Custos estes, ligados muitas vezes relacionados a ônus e atrasos relacionados a logística, negociações com grupos comunitários e com as rigorosas posturas urbanas: restrições de zoneamento, especificações arquitetônicas, imposições governamentais e dos institutos de patrimônio históricos, etc. Ainda mais danoso que os custos regulamentários é a incerteza que o processo acarreta para os investidores potenciais.
Fatores outros, como a segurança, infra-estrutura, qualificação dos empregados, etc. acarretam fortes obstáculos ao desenvolvimento urbano dos centros das cidades. Mas há ainda isolamento dos empresários para com as comunidades locais.
[1] capacidade de inovação em processos e produtos ou na forma de atuação no mercado
[2] Krugman, 1991A, 1991B.
[3] Hirschman, 1958.
[4] Weber, 1929; Lösh 1954; Harris, 1954; Isard, 1956; Loud and Dicken, 1977; Goldstein e Grongerg, 1984; Rivera Batiz, 1988; McCann, 1995B; Ciccone e Hall, 1996 e Fujita e Thisse, 1996.
[5] Stoper e Salais, 1997A, 1997B; Stoper, 1997; Amin eThrift, 1992; e trabalhos de Stoper, Gertler, Mair, Swyngedouw e Cox em Cox,1993.
[6] Scott, 1991; Glaeser, Kallal, Scheinkman e Shlifer, 1992; Glaeser 1994; Handerson, 1994; Glaeser, Scheinkman e Shlifer, 1995; Henderson, Kuncoro e Turner, 1995 e Henderson 1996, são exemplos interessantes.
[7] Bengt-Åke, 1992; Dosi, Gianetti e Toninelli, 1992; Nelson, 1993 e Cimoli e Dosi, 1995.
[8] Giarrantini, 1994 e Markusen 1995A.
[9] Inclui trabalhos de Piore e Sabel, 1984; Becattini, 1987; Pyke, Becattine e Sengenberger, 1990; Pyke e Sengenberger, 1992 e Harrison, 1992.
[10] Burt, 1977; Granovetter, 1985; Henton, Melvine e Walesh, 1997; Nohria, 1992; Perrow, 1992; Putnam, Leonerdi e Nanetti, 1993; Fukyama, 1995 e Harrison e Weiss, 1998.
[11] Harrison, Kelley e Grant (1996) desenvolveram um teste criativo da importância relativa das economias do setor e da urbanização na difusão da inovação em atividades de usinagem de metal, e constataram que os efeitos da urbanização são mais significativos. No entanto, reconhecem que o teste não é, de modo algum, definitivo. Isto porque, entre outras razões, consideraram uma inovação de ampla aplicação (versus especializada) numa área sem grande concentração geográfica. Na realidade, a metalurgia não constitui, em si, um aglomerado, mas parte de outro aglomerado.
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