quinta-feira, 22 de julho de 2010

Entre a História, a Política e a Narração

HANNAH ARENDT:
por: André Luiz de Souza Filgueira*
A política
É com palavras e atos que nos inserimos no mundo humano; e esta inserção é como um segundo nascimento, no qual confirmamos e assumimos o fato original e singular do nosso aparecimento físico original1
Hannah Arendt
A questão que nos leva a refletir sobre os possíveis nexos existentes entre as três categorias (história, narração e política) que irão conduzir este texto, está situada em torno do acontecimento, ou nos termos de Arendt, no rastro do novo2. Assim, tomemos como referência às próprias palavras da autora: “o próprio pensamento emerge de incidentes da experiência viva e a eles deve permanecer ligado, já que são os únicos marcos por onde obter orientação”3
Desta forma, pergunta-se, que experiências históricas são essas a que Arendt dedicou parte de sua vida para pensá-las, a ponto de estas experiências provocarem uma ruptura com a tradição do pensamento ocidental? Essas experiências históricas, referenciadas pela autora, são o totalitarismo e, portanto Arendt nos chama atenção para um importante detalhe deste feito humano: “(...) o fio da tradição foi rompido. Ora, o que rompe com a história não é um acontecimento de pensamento, mas uma experiência histórica e antropológica, e esta rotura tornou-se patente, caiu no domínio público”.4 Daí a ênfase de Arendt recair na não separação entre a atividade do pensar e os eventos históricos, porque estes são os únicos marcos pelos quais podemos obter orientação, em meio a uma situação que não se sabe ao certo o que fazer, como por exemplo, o totalitarismo do século XX. Assim, uma das principais conseqüências trazidas por essa ruptura foi, justamente, à quebra do elo que existia entre a tradição de pensamento, que outrora ligava o passado e o presente. Por esse aspecto, o passado, que antes, iluminava o presente, a ponto de fornecer elementos usuais de compreensão dos fatos oriundos da ação dos homens, que por sua vez, subsidiava a atividade do pensar, foi anulado, em face ao fenômeno da ruptura, no século XX. Deixando, deste modo, os homens a vagar na escuridão5. Isso porque a tradição de pensamento, que trazia consigo todo o registro da ação humana, através do passado, foi assolada pelo espectro do terror, que sucumbiu com o elo que unia o passado e o presente. Deixando, assim, os homens a deriva no mundo. Portanto, essa é a primeira faceta trazida pelo novo à história, qual seja a quebra do fio entre o passado e o presente, que antes, orientava os indivíduos pelo caminhar no mundo. A priori, o novo, manifestado no século passado, veio sob a égide do mal, trazendo conseqüências catastróficas ao mundo, pois dizimou diversas minorias, dentre elas judeus, homossexuais e negros; extraiu a cidadania destes grupos, a ponto de transformá-los em seres supérfluos6, sem lei, sem direitos, sem liberdade política, enfim, como nos diz o antropólogo polonês Zygmunt Bauman, os grupos “fora da lei” – que não se enquadravam nas leis do totalitarismo –, foram transformados em “lixo humano”7
Por este aspecto, a esfera pública, hoje em declínio, era concebida, no passado, como sendo um local privilegiado, pois nele se manifestava a ação ou a liberdade humana8, ficando para nós, homens e mulheres da contemporaneidade, a lembrança capturada por Arendt. Nas palavras da autora: “A polis grega foi outrora precisamente a ‘forma de governo’ que proporcionou aos homens um espaço para aparecimento onde pudessem agir – uma espécie de anfiteatro onde a liberdade podia aparecer”,9 pois os homens inseridos neste campo estão abertos às virtudes cívicas (ao diálogo, à compreensão mútua e à persuasão) que possuem como horizonte, as pautas de interesse da coletividade que prima pelo bem comum.
Esse registro, tal como o fizemos –, qual seja o de resgatar o momento histórico político em que a ação política foi desenvolvida, é uma tarefa emergencial tendo em vista que; no tempo presente, a política, apresentasse com uma configuração tenebrosa em face a inserção do novo na história –, na esteira do pensamento de arendtiano, essa lembrança deve ser feita se, o que se quer, é de fato, encarar o espaço público como sendo o local destinado à aparição ao mundo, onde, as ações, nele desenvolvidas, possam ser transmitidas para a posteridade, tendo como horizonte o bem comum. Deste modo, às gerações futuras contemplaram um outro sentido da vida – a vida imortal – que é somente experimentado na esfera pública. Sobre esse aspecto (história e imortalidade), veremos, a seguir, o que os caminhos que as reflexões de Hannah Arendt aponta

A história 
A responsabilidade pelo mundo é também responsabilidade pela história, pela historicidade do mundo comum10
Anne-Marie Roviello
Em seu artigo: “O conceito de história – antigo e moderno”, publicado na obra Entre o passado e futuro, que reúne uma coletânea de textos, dedicada a temas diversos, como por exemplo, educação, cultura, história, política, entre outros, Arendt, inicia a caracterização da história também tendo como pressuposto o mundo antigo. Deste modo, a priori, suas considerações se assentaram em duas questões: mortalidade e imortalidade
Tendo em vista que homens e mulheres são seres mortais, posto que nasceram em um mundo que existia antes deles e que continuará a existir ao término do ciclo de vida de cada um, a humanidade anseia pela imortalidade11. Esta ânsia advém da vontade em se fazer eterno, mesmo estando ciente de que homens e mulheres são mortais. É nesta perspectiva, de atingir a imortalidade, que a humanidade lança mão do uso dos elementos imortais, oriundos da natureza, ou seja, do mundo, para assegurar a sua imortalidade
Com efeito, conforme pontua Arendt,
No início da História Ocidental, a distinção entre a mortalidade dos homens e a imortalidade da natureza, entre as coisas feitas pelo homem e as coisas que existem por si mesmas,era o pressuposto tácito da Historiografia. Todas as coisas que devem sua existência aos homens, tais como obras, feitos e palavras, são perecíveis, como contaminadas com a mortalidade de seus autores. Contudo, se os mortais conseguissem dotar suas obras, feitos e palavras, de alguma permanência, e impedir sua perecibilidade, então essas coisas ao menos em certa medida entrariam no mundo da eternidade e aí estariam em casa, e os próprios mortais encontrariam seu lugar no cosmo, onde todas as coisas são imortais, exceto os homens.12
Destarte, é cabível uma indagação: qual é a contribuição que Arendt traz sobre mortalidade e imortalidade, possibilitando, assim, pensarmos o objeto de estudo da história, bem como o ofício do historiador? Para Arendt, o objeto de estudo do historiador é o fato singular, pois, ele, consegue romper com toda cadeia de fatos edificada por homens e mulheres e que, até então, permanecia em vigor. Mas esse processo é rompido através da corrente subterrânea da história que, por intermédio da natalidade13, traz consigo a possibilidade de experimentação de algo novo que, até então, não havia ocorrido antes. Esse desconhecido é a possibilidade de realização de novos feitos, os quais revelam o seu esgarçamento em face ao processo anterior. Segundo Arendt,
O que para nós é difícil perceber é que os grandes feitos e obras de que são capazes os mortais, e que constituem o tema da narrativa histórica, não são vistos como parte, quer de uma totalidade ou de um processo abrangente; ao contrário, a ênfase recai sempre em situações únicas e rasgos isolados14
Contudo, se o objeto de estudo do historiador é a identificação do novo, posto que, desta forma, ele estará garantindo a imortalidade do homem no mundo por meio do resgate de suas ações empreendidas no espaço público, já engolfadas na história, então, logo se conclui que o ofício do historiador é a captação do evento singular, para garantir a imortalidade. Por isso, Arendt convida o historiador a se deter – quando este estiver envolvido com as interpretações das ações humanas, ou seja, com a atividade investigativa
60 dos fatos - ao dado singular dentro da história, tendo como horizonte a política. Isto porque, a ação humana, exercida livremente nos espaços públicos, corrobora a imortalização dos grandes feitos humanos
Assim, Arendt, inspirada em Heródoto, consagrado pela historiografia ocidental como sendo pater historiae, conclui como sendo atribuições do historiador:
[...] preservar aquilo que deve sua existência aos homens, [...] para que o tempo não o oblitere, e prestar aos extraordinários e gloriosos feitos de gregos e bárbaros louvor suficiente para assegurar-lhes evocação pela posteridade, fazendo assim sua glória brilhar através dos séculos.15
Inspirada nas proposições históricas levantadas por Walter Benjamim16, ela argumenta que o historiador deve ficar atento ao novo17. Porque ele, no momento de sua aparição à humanidade, traz à luz o que estivera, até então, oculto aos olhos dos homens, o que, simplesmente, era considerado como passado. Contudo, esse passado que era dado como algo encoberto se faz presente, e o presente, propriamente dito, passa a assumir a posição de passado, até que surja, novamente, algo novo para que o presente, que passou a ser visto como passado, possa reaparecer. Assim, Arendt, se pronuncia dizendo que,
O novo é o domínio do historiador que, ao contrário do cientista natural preocupado com os acontecimentos sempre recorrentes, lida com eventos que sempre ocorrem somente uma vez. O que o evento iluminador revela é um começo no passado que até então estivera oculto; aos olhos do historiador, o evento iluminador só pode aparecer como um final para esse recém-descoberto início. Só quando, na história futura, um novo evento ocorre, é que esse “final” irá revelar-se como um início aos olhos dos futuros historiadores. E os olhos do historiador representam somente o olhar cientificamente treinado da compreensão humana; só podemos compreender18 um evento como o final e a culminação de tudo o que aconteceu antes, como “preenchimento dos tempos”; somente é que cabalmente avançamos com relação ao conjunto transformado de circunstâncias que o evento criou, isto é, tratamos esse evento como um começo. 19
É por esse particularismo, inerente ao exame dos fatos históricos, que Arendt pode ser, de fato, considerada como uma storyteller. Mas, o que seria, afinal, um storyteller e qual a ligação e o peso que essa nomeação pode acarretar de significativo ao pensamento da autora, que por sua vez, pode contribuir ao ofício do historiador? As linhas que se seguem procuram apontar na direção destas inquirições

A narração
(...) todos os desgostos e tristezas são suportáveis se deles se faz um conto, ou se o contamos20
Isak Dinesen
É interessante notar o seguinte aspecto no pensamento arendtiano, mesmo diante de uma situação em que parece que a humanidade está situada em um caos absoluto, o caminho indicado pela autora, para inspirar as pessoas a refletirem sobre as alternativas a serem tomadas, mesmo perante o esgarçamento da tradição filosófica, é a via do storyteller
É neste aspecto que se faz evidente a importância da narração como categoria interpretativa à luz do pensamento arendtiano. Segundo Felício, trata-se de:
Narrar a experiência, ao contrário de escrever uma história do totalitarismo. No lugar de afirmar, então, em Origens, que o totalitarismo podia ser explicado à luz da história, o que Arendt fez foi analisar em termos históricos os elementos que se cristalizaram neste acontecimento que, em seus termos, “é o acontecimento central de nosso mundo”21
Por este viés, o foco central desta empreitada de Arendt consiste em narrar o fenômeno totalitário, a partir do suposto de que ele é o fator que é tributário à ação humana, desenvolvida no espaço público. E essa é, portanto, a via em que se vincula a corrente narracional, que, por sua vez, trata-se de uma metodologia epistemológica emoldurada por Arendt – que por sua vez, possuí suas marcas vinculadas ao legado do filósofo alemão Walter Benjamin –, já que a teórica política não pôde contar com o auxílio da tradição filosófica Ocidental e posto, ainda, que esta havia sido esfacelada frente ao imperativo totalitário. Se o caminho encontrado por Arendt – através do método narracional (storyteller) – deita suas raízes no espaço público, para rever a situação em que a humanidade viu-se situada, diante do mal, então, a reversão deste dado – o de neutralizar o fenômeno do terror – também está locada no espaço público. Por essa via, qual seja, a de recontar a história do totalitarismo, a partir da narração, é que Hannah Arendt é entendida como sendo uma narradora. E o exercício da função do narrador, encarado aqui, aos moldes das reflexões de Walter Benjamin é: “(...) retirar da experiência o que ele conta: sua própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiência dos seus ouvintes.”22 Por isso, o principal objetivo de Arendt, ao recontar a história do totalitarismo é o de: “(...) recuperar aqueles tesouros políticos não tematizados filosoficamente, aqueles fragmentos preciosos e preteridos que, hoje, restariam ocultos por entre os destroços da tradição (...)”23. É por este caminho que a pensadora não descarta a via da busca de alternativas de fuga, dos tempos sombrios, tendo como ponto de partida à situação caótica do tempo presente. Porque, ela vislumbra, nessa circunstância, a possibilidade de reconciliação com o passado esquecido, em que tal esquecimento é atribuído à ruptura da tradição ocidental de pensamento, que foi consolidada a partir do totalitarismo. Há de se ressaltar que Arendt não estava interessada em captar o cerne que elevou o totalitarismo ao poder, para que pudesse assim compreendê-lo, mas, antes, ao ser adepta ao estilo narrativo benjaminiano, o que a inquietava no totalitarismo e que fez com ela recuasse à narração era porque,
A narração não está interessada em transmitir o “puro em si” da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso.24
Destarte, o rumo que orientou a teoria de Hannah Arendt pode ser visto a partir do mapeamento das situações em que o novo se manifesta. Esse diagnóstico é engendrado pelo historiador e pelo romancista e muito pode oferecer os lampejos da política, à humanidade, no instante em que o novo veio à tona. Porquanto, ao chamar atenção à ação política, entendida aqui, como sendo intercambiável com a liberdade, de acordo com a teoria de Hannah Arendt, a pensadora estava convicta de que somente o retorno ao passado, poderia garantir a recuperação dos fragmentos políticos, a partir do suposto de que historiadores e romancistas, através da narrativa, poderiam autorizar os homens à ação. “A função política do narrador de estórias (storyteller), seja ele “historiador ou romancista”, é a de provocar uma “catarse” que libere os homens para a ação e para o juízo”25
É nesse horizonte, que Arendt recua ao filósofo Walter Benjamin, para dizer que, os romancistas e os historiadores, são de fato, “pescadores de pérolas”, porque eles se detêm à função de apanhar os estilhaços do passado, rompido com quebra do vínculo da tradição
Entretanto, esse caminho, indicado pela autora, só é possível se o pensarmos26 pelo viés do acontecimento. “A história é constituída por acontecimentos, ou seja, por aquilo que interrompe processos, sendo propriamente o imprevisível, o indedutível”27

Considerações finais
A maneira encontrada por Arendt para encarar o advento do mal, no século XX, mediante a ruptura que houve com a tradição de pensamento, e assim compreendê-lo, é o contar “estórias”. Segundo, Aguiar, para além de uma perspectiva de visualização de Arendt como sendo uma contadora de “estórias”, a autora pode ser entendida como “(...) uma storyteller do mundo contemporâneo. Em todos os seus escritos, é possível perceber que ela está perseguindo uma luz que ilumine o que o homem está fazendo na atualidade, o que pretende com as suas instituições e seus modos de vida”28. Essa é a outra face que o evento singular/novo pode manifestar à humanidade visto sob o ângulo da esperança, que pode ser creditada à ação política, e a ela, a expectativa de algo novo acontecer. Pois, afinal, a lembrança de Arendt, que nos fica, sobre o agir humano, desenvolvido no espaço público, - recuperada no mundo antigo - respaldado pela liberdade de ação, calcada na compreensão mútua e na persuasão, é o de que: somente a ação humana é capaz de feitos imensuráveis
Sob este âmbito temos uma dupla face da ação. De um lado, como foi acenada, a ação, vista aqui sob a égide da imprevisibilidade, foi capaz de promover, no século passado, algo inédito na história, a ascensão ao poder feita pelo totalitarismo (que carimbou a introdução da violência na política). Mas, por outro lado, também entendido sob a espreita do acontecimento/novo, a ação política, foi capaz, outrora, de lançar raios de luzes à humanidade e evidenciar que a política é, por excelência, o antídoto para combater a outra face maléfica do novo. Um exemplo disso, que muito inspirou Arendt a pensar a existência da política, em nosso tempo, são os sistemas de conselhos, porque através dele os homens “recuperaram” o gosto pela ação. E também, por meio desses conselhos, foram desencadeadas outras manifestações, genuinamente, de forte cunho político, tal como no passado havia, um exemplo disso foram as Revoluções Modernas. Sobre o sistema de conselhos Arendt nos diz,
Organização espontânea de sistemas de conselho ocorreu em todas as revoluções: na Revolução Francesa, com Jefferson na Revolução Americana, na Comuna de Paris, nas revoluções russas, no despertar das revoluções na Alemanha e Áustria, no fim da Primeira Guerra Mundial e finalmente na Revolução Húngara29
Esse foi, então, o propósito deste texto, o de apontar a dimensão da história, da política e da narração, tendo como pressuposto o novo ou o acontecimento singular na história da humanidade, para de fato, possamos resgatá-lo, nos tempos sombrios
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Notas:
*        Graduado em história, UCG, membro do GED (Grupo de Estudos da Democracia), ligado à rede FAPEG
1        ARENDT, Hannah. A condição humana, p. 189
2        Grifo nosso
3        ARENDT apud FELÍCIO. HANNAH ARENDT: história e acontecimento, p. 01
4        ARENDT apud AMIEL. HANNAH ARENDT: Política e acontecimento, p. 08
5        Sobre esse assunto, considerando o suposto de Tocqueville ele nos diz: “(...) como o passado já não ilumina o futuro, o espírito avança nas trevas” (TOCQUEVILLE apud AMIEL, 1996, p. 09)
6        Uma análise mais detida sobre o regime totalitário como sendo o provedor da superfluidade humana, conferir em: CORREIA, Adriano. Os campos de concentração e a fabricação da superfluidade. In.: Fragmentos de Cultura, 2003, p. 201-216
7        Essa expressão é recorrente na obra do antropólogo intitulada de: Vidas desperdiçadas, Rio de Janeiro. Ed  Jorge Zahar, 2005
8        Arendt contempla a liberdade e a política como termos intercambiáveis, tendo em vista que a existência de uma prescrevia a outra. “A liberdade como fato demonstrável e a política coincidem e são relacionadas uma à outra como dois lados da mesma matéria”. (ARENDT, 2002, p. 195)
9        Idem. Entre o passado e o futuro, p. 201
10      ROVIELLO, Anne-Marie. Senso comum e modernidade em Hannah Arendt, p. 71
11      Tomando de empréstimo as palavras de Arendt, sobre a imortalidade, entendemos que: “Imortalidade é o que a natureza possui sem esforço e sem assistência de ninguém, e imortalidade é, pois, o que os mortais precisam tentar alcançar se desejam sobreviver ao mundo em que nasceram, se desejam sobreviver às coisas que nos circundam e em que cuja companhia foram admitidos por curto tempo.” (ARENDT, 2002, p. 78)
12      Idem. Ibidem, p. 72
13      A natalidade é um assunto que Arendt concede grande primazia, porque, somente por ela, a autora vê a chance de realização da história e da política. Porque ao pensarmos em natalidade, logo de imediato, vem a tona um outro termo correlato, a singularidade. “Isso, do ponto de vista geral e essencial, é a singularidade que distingue cada ser humano de todos os demais, a qualidade em virtude da qual ele não é apenas um forasteiro no mundo, mas alguma coisa que jamais este aí antes.” (ARENDT, 2002, p. 239)
14      Idem. Ibidem, p. 72
15      Idem. Ibidem, p. 70
16      As teses de W. Benjamim, sobre a história, foram publicadas no livro Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. Ed. Brasiliense, 1994. Vale a pena salientar que, após a morte de Benjamin, Arendt esteve com a posse de parte do seu espólio
17      Grifo nosso
18      Grifos da autora
19      ARENDT, Hannah. A dignidade da política, p. 49 e 50
20      Isak Dinesen apud Kristeva. In.: O GÊNIO FEMININO: A vida, a loucura, as palavras, p. 91
21      FELÍCIO, Carmelita Brito de Freitas. HANNAH ARENDT: História e acontecimento, p. 01 e02
22      BENJAMIN. Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In.: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura/Walter Benjamin, p. 201
23      DUARTE, André. HANNAH ARENDT ENTRE HEIDEGGER E BENJAMIN: A crítica da tradição e a recuperação da origem política. In.: HANNAH ARENDT: Diálogos, reflexões, memórias, p. 78
24      BENJAMIN. Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In.: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura/Walter Benjamin, p. 205
25      ARENDT apud DUARTE. O PENSAMENTO A SOMBRA DA RUPTURA: política e filosofia em Hannah Arendt, p. 270
26      Ao longo destas considerações viemos afirmando, enfaticamente, que a Arendt clama a humanidade para o pensar. Mas, sumariamente, o que significa o pensar à teórica? Ela nos diz que trata-se de: “Pensar com a mentalidade alargada significa treinar a própria imaginação para sair em visita” (ARENDT apud AGUIAR, 2001, p. 225)
27      AMIEL, Anne. HANNAH ARENDT: Política e acontecimento, p. 49
28      AGUIAR, Odílio Alves. Pensamento e narração em Hannah Arendt. In.: Hannah Arendt: diálogos, reflexões e memórias, p. 218
29    ARENDT apud FELÍCIO. A PAIXÃO PELA LIBERDADE: um horizonte para pensar a Democracia e a República em Hannah Arendt, p. 06
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Referências Bibliográficas:
AGUIAR, Odílio Alves. Pensamento e narração em Hannah Arendt. In: MORAES e BIGNOTTO (orgs.) Hannah Arendt: diálogos, memórias, reflexões. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003
ARENDT, Hannah. A dignidade da política: ensaios e conferências. Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará, 1993
_______.A condição humana. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universitária, 2003
ARENDT, Hannah. Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2004
65 _______. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2002
AMIEL, Anne. HANNAH ARENDT: política e acontecimento. Lisboa: Ed. Instituo Piaget, 1996
BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2005
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1994
CORREIA, Adriano. Os campos de concentração de concentração e a fabricação da superfluidade. In.: Revista Fragmentos de Cultura. Goiânia, Ed. UCG, 2003
DUARTE, André. O pensamento a sombra da ruptura – política e filosofia em Hannah Arendt. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2000
________. Hannah Arendt entre Heidegger e Benjamin: a crítica da tradição e a recuperação da origem da política. In: MORAES e BIGNOTTO (orgs.) Hannah Arendt: diálogos, reflexões e memórias. Belo Horizonte: UFMG, 2003
FELÍCIO, Carmelita Brito de Freitas. Hannah Arendt: história e acontecimento. V Colóquio: Filosofia, Literatura e História. Mesa-redonda: Filosofia & História (27/04/2005). (mimeo)
________. A PAIXÃO PELA LIBERDADE: um horizonte para pensar a Democracia e a República em Hannah Arendt. II Seminário: Problemas do Estado Democrático Contempoâneo – O futuro da democracia – Homenagem especial à Hannah Arendt e Aléxis de Tocqueville. (09/2005). (mimeo)
KRISTEVA, J. O gênio feminino - Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Rocco, 2007
RONIELLO, Anne-Marie. Senso comum e modernidade em Hannah Arendt
Lisboa: Ed. Instituto Piaget, 1987

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